A última quinta-feira (12) marcou um importante passo para o mercado brasileiro de criptomoedas, com o lançamento da Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain (ABCB), em São Paulo. O movimento é liderado pela fintech Atlas Project, que, por sua vez, é dirigida por Fernando Furlan, ex-presidente do CADE e que possui ampla experiência, tendo assumido previamente cargos como o de secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além de ter assumido a presidência do Conselho de Administração do BNDES.
A recém-inaugurada entidade visa a criação de um diálogo com o poder público, bem como executar ações em prol de se beneficiar do desenvolvimento tecnológico e da inovação – uma das principais características do setor de criptomoedas e de blockchain. Afinal, o mercado de criptomoedas cresce cada vez mais no Brasil, com novas empresas surgindo no setor, bem como um gradativo interesse do usuário final e da comunidade de investidores.
Com esta natural ascensão, é um segmento que vem angariando um pouco mais de atenção e, por tabela, preocupação no que tange sua regularização, em especial por conta dos altos e baixos que ocorrem desde o boom das criptomoedas. A exemplo disso, houve o lançamento da criptomoeda brasileira Dynasty voltada para o mercado imobiliário no início deste ano, e também o Itaú implementando o uso de blockchain em operações voltadas tanto para pessoas jurídicas como físicas. Em contrapartida, na mesma época, um relatório feito por uma multinacional de contabilidade apontava para uma ação de hackers levando vantagem de cerca de 10% sobre ofertas iniciais de moeda (ICOs); e de maneira surpreendente, até mesmo em assaltos a mão armada no Rio de Janeiro, bandidos chegaram a exigir bitcoins.
Todo o cuidado referente às criptomoedas e a tecnologia que sustenta o Bitcoin, o Blockchain levou, então, à criação da ABCB, cuja iniciação contou até mesmo com uma coletiva de imprensa. Na ocasião, o Vice-Presidente Felipe França comentou que já existem cinco empresas visando associação com a entidade. Os nomes, segundo o IDGNow, ainda não podem ser revelados, mas de acordo com o Portal do Bitcoin, haverá um coquetel em 22 de maio para apresentar os novos membros. Além de França, Furlan e Emília Campos (diretora jurídica) também estavam presentes para responder as perguntas dos jornalistas.
Construir uma ponte com um único final
Durante a coletiva, França alegou que a ABCB irá representar toda a cadeira do mercado, com o intuito de encontrar um ponto de convergência do setor. Segundo o presidente da associação, o mercado de criptomoedas ainda precisa de um tempo para amadurecer.
Além disso, para quem está preocupado com a possibilidade das criptomoedas serem criminalizadas no país (desde que o deputado federal Expedito Netto (PSD/RO) pretendia ampliar um projeto, criando um parecer para criminalizar as negociações com criptomoedas), uma das promessas é que a ABCB consiga identificar fraudes e crie uma cartilha de regras para os agregados, concedendo enfim uma possível luz a esta questão. Por fim, no que se refere a criação de uma possível bolha, Furlan respondeu que “cabe trabalhar para que o investidor se sinta seguro”.
Por fim, no que se refere a criação de uma possível bolha, Furlan respondeu que é preciso trabalhar para que o investidor se sinta seguro. De acordo com o presidente da associação, já houve uma supervalorização no último ano, uma espécie de bolha, e ainda assim o segmento não explodiu. Ele ainda reconhece que o Bitcoin possui certas características que fazem a moeda parecer uma bolha, muito embora exista uma quantidade limitada de moedas disponíveis. “Se fosse realmente perigoso, autoridades já teriam o impedido”.
França ainda acrescentou que existem semelhanças nos processos de regularização das criptomoedas com as chegadas de outros serviços que inovaram seus desvidos setores, tais como o Uber e o Airbnb. Por fim, a advogada Campos desacredita que a normalização das moedas virtuais ocorra em um ano com tantos acontecimentos importantes ocorrendo ao mesmo tempo, apesar de a falta de leis ser um grande obstáculo para o mercado – além da questão legislativa ser um tanto quanto delicada. Todavia, segundo ela, a ABCB chegou para defender uma voz ativa no setor, e que eles não deverão esperar que as autoridades se pronunciem e tomem uma atitude – o que pode culminar em uma queda do segmento.
Fonte: Canaltech, IDGNow, Portal do Bitcoin