Uma selfie do Curiosity publicada pela NASA fez bastante sucesso pela internet no início do mês pela qualidade da imagem e pelo panorama de Marte ao redor do rover. Mas a imagem, resultado da colagem de 57 fotos individuais tiradas por uma câmera no braço robótico, é particularmente significativa para a NASA: ela comemora a segunda vez que o rover realizou um experimento químico em solo marciano.
A bordo do veículo, há um instrumento de análise de amostras apelidado de SAM e projetado para analisar gases, detectar vapor de água e procurar sinais de compostos orgânicos. Um experimento foi realizado pelo SAM no final de setembro, combinando uma amostra obtida por uma broca e solventes, para analisar os gases no material. Os produtos químicos usados ajudam o SAM a detectar possíveis moléculas baseadas em carbono, importantes para a formação da vida. O primeiro experimento do Curiosity desse tipo foi no final de 2017.
O laboratório portátil do rover contém 74 copos pequenos usadas para testar as amostras. A maioria deles funciona como fornos em miniatura, que aquecem as amostras para que o SAM possa “cheirar” os gases que são liberados da reação. Assim, ele procura por pistas sobre o ambiente marciano bilhões de anos atrás, quando o planeta era mais favorável à vida microbiana.
Além de comemorar esse marco, a selfie gerada no dia 11 de outubro revela em detalhes um pouco da geologia local. A imagem mostra um local chamado “Glen Etive”, que faz parte de uma região que a equipe da NASA estava ansiosa para estudar. Em primeiro plano no lado esquerdo, podemos ver dois furos feitos pelo rover, chamados “Glen Etive 1” (à direita) e “Glen Etive 2” (à esquerda). É através desses furos no solo que o rover obtém amostras para analisar a composição química das rochas.
Atrás do veículo, a cerca de 300 metros, está o Vera Rubin Ridge, local de onde o Curiosity partiu há quase um ano. Além da cordilheira, você pode ver o chão da cratera Gale e a borda norte da cratera.
Rochas à base de argila são boas em preservar compostos químicos, de acordo com a NASA. A equipe de ciências quer saber quais compostos orgânicos poderiam haver na região do Glen Etive. Compreender como essa área se formou dará aos pesquisadores uma ideia melhor de como o clima marciano mudou nos últimos bilhões de anos, e o Glen Etive é considerado um local estratégico para revelar mais sobre como a formação da unidade de argila.
Os resultados dessa experiência serão revelados no próximo ano. “Os dados do SAM são extremamente complexos e levam tempo para serem interpretados”, disse Paul Mahaffy do Goddard Space Flight Center da NASA. “Mas estamos todos ansiosos para ver o que podemos aprender com esse novo local, Glen Etive”, completa.
Fonte: Canaltech, NASA