Há mais de 60 anos, o Homem lança satélites e foguetes para o espaço. Hoje, existem cerca de 22.000 objetos grandes orbitando a Terra. Se levarmos em conta os pequenos entulhos de até 1 cm, podemos chegar à absurda quantidade de um milhão de pedacinhos de lixo espacial vagando acima de nós. Estima-se que exista quase 8.000 toneladas de objetos, incluindo satélites que deixaram de funcionar e pedaços de foguetes de missões espaciais.
Muitas ideias já foram cogitadas para limpar o espaço, e a nova proposta veio do Gateway Earth Development Group (GEDG), formado por acadêmicos de universidades do todo o mundo. Enquanto algumas sugestões de limpeza incluem armas a laser e o “gari tecnológico”, da SpaceX, a ideia do GEDG é reciclar esse material. Afinal, por que carbonizar e destruir se podemos reaproveitar?
Para que isso seja possível, seria colocada em órbita em 2050 a Gateway Earth — uma estação espacial totalmente operacional com uma instalação para reciclar satélites antigos e outros tipos de lixo deixados no espaço pelo Homem.
Ferro-velho abandonado
Com cada vez mais satélites e foguetes lançados a cada ano, aumentam os riscos de colisão com o lixo espacial. Imagine perder um satélite, ou até mesmo uma tripulação, por causa de sucata flutuante! E até mesmo os pequenos detritos podem ser fatais: Luisa Innocenti, diretora do gabinete da ESA (Agência Espacial Europeia) para a limpeza do espaço, alerta que “devido à velocidade a que se deslocam, até os pedaços menores, se atingirem qualquer outro corpo — um satélite em atividade, por exemplo —, podem provocar uma explosão e criar uma nova nuvem de lixo”.
Existem duas órbitas principais para os satélites: a órbita terrestre geoestacionária e a órbita terrestre baixa, que é onde se concentra uma grande lotação de lixo. Nessa região, há risco de colisões que poderiam criar uma chuva de detritos tão grande que colidiria com outros satélites, criando mais e mais detritos em uma reação em cadeia desastrosa. Eventualmente, toda a órbita pode ficar tão cheia de entulho que se tornaria inutilizável.
Por sua vez, a órbita geoestacionária acaba se tornando um cemitério de satélites inutilizados. Isso ocorre porque, quando um satélite chega ao fim de sua vida útil, os proprietários procuram colocá-lo em uma órbita mais alta, onde ele ficará a uma distância de 300 km a 400 km em uma zona de proteção internacionalmente aceita. Flashes de luz brilhante já foram vistos de lá e acredita-se que os satélites estão colidindo ou explodindo devido ao combustível não utilizado, ou a baterias degradadas.
Vantagens de reciclar no espaço
Reciclar o lixo espacial em uma instalação na órbita da Terra poderia reduzir os custos e facilitar a construção de espaçonaves ou postos avançados de exploração. Se os satélites não forem mais úteis, a carcaça deles poderá ser usada para outros fins.
A Gateway Earth tem planos de gerar receita no futuro, atuando de outras formas, também. Por exemplo, servir como hotel espacial, como uma instalação de construção de satélites e naves espaciais, e como centro de abastecimento para espaçonaves.
Infelizmente, 2050 está longe e precisamos de outros planos de curto e médio prazo para limpar a órbita da Terra. Estão previstos 150 novos satélites para os próximos dez anos, o que aumentará significativamente o risco de colisão.