A quantidade de dados que você pode colocar em um disco rígido continua a crescer rapidamente. No fim do ano passado, por exemplo, a Seagate anunciou um SSD de 60 TB. Mas graças à IBM e à Sony, a fita talvez ainda tenha um reino garantido, principalmente quando você precisar arquivar quantidades enormes de dados. As duas empresas se juntaram para desenvolver um novo tipo de fita que, supostamente, pode abrigar 201 gigabits, ou aproximadamente 25 GB, por 2,5 centímetros quadrados.

Isso pode não parecer impressionante, considerando que você pode comprar cartões microSD minúsculos que são capazes de armazenar 256 GB de filmes, fotos e música. Mas quando você enche um cartucho com mais de um quilômetro dessa fita nova, dá para armazenar 330 TB de dados em menos espaço do que um disco rígido ocupa. Na verdade, o cartucho com todos esses dados caberia na sua mão. Acessar esses dados não é nem um pouco instantâneo, como acontece hoje nos SSDs ou até mesmo HDs, mas, para as empresas que precisam guardar anos de atividade em dados “só por precaução”, cartuchos de fitas podem ser uma solução mais acessível a longo prazo.

Diferentemente dos pratos nos discos rígidos de computador, que têm camadas ultrafinas de vários metais para armazenar cargas magnéticas minúsculas, a fita precisa ser capaz de flexionar, dobrar e ser dobrada em um carretel. Como resultado, ela é normalmente coberta por uma fina camada de óxido de ferro ou partículas de crômio, que são magnetizadas ou desmagnetizadas por uma máquina e assim cria bits individuais de dados — também conhecidos com os uns e zeros que possibilitam a comunicação digital.

Então como é que os pesquisadores conseguem espremer ainda mais dados em um pedaço de fita que parece com o que você encontraria em uma antiga fita cassete? Como revela um artigo recentemente publicado na IEEE Transactions on Magnetics, a equipe da Sony desenvolveu um novo tipo de camada magnética que é aplicada à fita usando uma técnica chamada de deposição por pulverização catódica, que usa um vapor em vez de um líquido para estabelecer pequenas partículas magnéticas, que têm apenas alguns nanômetros de tamanho. Técnicas mais antigas de criação de fita magnética produziam partículas que podiam ter centenas de nanômetro de tamanho, mas quanto menor forem essas partículas, mais delas podem ser espremidas em um dado espaço, permitindo-lhe armazenar mais dados.

A Sony também desenvolveu uma nova camada de lubrificante que garante que a fita rode pela máquina usada para ler e subscrever dados o mais suavemente possível, reduzindo a fricção e o desgaste, além de estender a vida do meio de armazenagem. Ter uma fita enroscada no seu aparelho de fita cassete pode resultar em alguns segundos de música indistinguível, mas quando se trata de armazenar dados, um contratempo mecânico como esse pode ser catastrófico.

Ao mesmo tempo, os pesquisadores da IBM desenvolveram um novo cabeçote de leitura de apenas 48 nanômetros capaz de, com precisão, ler as partículas magnéticas minúsculas da nova fita da Sony, assim como uma nova tecnologia de servomotor que permite controle preciso da fita conforme ela flui na máquina. Exatidão e precisão devem melhorar conforme as partículas magnéticas armazenando dados ficam cada vez menores.

Hardwares existentes não serão compatíveis com os novos cartuchos de fitas, portanto, não jogue fora suas soluções de backup atuais ainda. Essa nova tecnologia ainda existe apenas nos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento da IBM e da Sony e provavelmente levará alguns anos até que se torne disponível comercialmente. Uma vez que chegar à produção, deverá estender a utilidade e o valor dos cartuchos de fitas por pelo menos mais uma década.

 

Fonte: Gizmodo, IEEE Transactions on Magnetics via Ars Technica

Imagem do topo: IBM Research