Após séculos nos quais a única forma de retratar uma pessoa era através de pinturas, em 1826 Joseph Nicéphore Niépce criou a primeira imagem fotográfica permanente. Após substituir o betume utilizado em sua invenção por prata, o pesquisador criou o método responsável por permitir que todos guardassem para si retratos fidedignos de seus parentes e amigos — e que eventualmente evoluiu para permitir a criação do cinema e toda a indústria cinematográfica.

Embora ela tenha aparecido mesmo no século 18, a fotografia começou a ser inventada ainda na Antiguidade, quando se descobriu o princípio da “câmara escura”. Basta você fechar completamente um local – de uma grande sala a uma latinha de leite em pó – e depois fazer um buraquinho. A luz atravessa o buraco e projeta no interior da câmara fechada uma imagem invertida do que acontece lá fora. Mesmo com esse princípio conhecido há séculos, faltava o principal para a fotografia: bolar uma maneira de congelar essa imagem. A história oficial registra dois inventores que arrumaram uma solução para isso quase na mesma época: Henry Talbot, na Inglaterra, e Louis Daguerre, na França. Em 1835, Talbot publicou um artigo documentando como conseguira fixar imagens usando um papel tratado com cloreto de prata, que depois era mergulhado em uma solução de sal. O resultado era um negativo, ou seja, podia ser copiado diversas vezes.

O que a história oficial não conta, porém, é que em 1833 a fotografia pode ter sido inventada no Brasil, com um método diferente, por Antoine Hercule Florence, um francês que viveu aqui por muitos anos. Após vários experimentos – que incluíram até o uso de urina para fixar imagens -, Antoine desenvolveu uma chapa de vidro tratada quimicamente que capturava a imagem e depois podia passá-la para o papel.

Esse feito permaneceu pouco reconhecido por décadas até que o historiador Boris Kossoy, da Universidade de São Paulo (USP), revelou a façanha no livro 1833: A descoberta isolada da fotografia no Brasil. “Antoine usou o processo para imprimir e copiar imagens, pois já trabalhava há muito tempo em um sistema de impressão”, diz Boris. Agora, além do avião, nós, brasileiros, podemos reivindicar também a invenção da fotografia.

A fotografia colorida só se tornou realmente comercial e viável por volta de 1940, mas ela já existia muito tempo antes disso. Pioneiros do cinema, os irmãos Lumière inventaram os autocromos coloridos, que foram patenteados em 1903 e foram o principal método de captura de imagens coloridas até surgirem os primeiros filmes a cores para as câmeras.

O processo de captura dos autocromos era bem trabalhoso e envolvia placas rígidas de vidro com uma solução de fécula de batata e outros componentes químicos. Os cromos não eram como as fotografias reveladas no papel — para vê-los, era preciso usar uma fonte de iluminação traseira.

Os autocromos se tornaram bem populares entre fotógrafos e entusiastas, mas o alto custo e as dificuldades de uso e manutenção eram grandes impedimentos dessa arte de modo comercial. Mesmo assim, centenas de imagens foram produzidas através desse método e impressionam até hoje pela resolução e pela qualidade das cores.

Depois de aproximadamente 30 anos desde a invenção dos autocromos Lumière, um método mais fácil de produção de imagens coloridas chegou ao mercado. Em 1935 a Kodak lançou os Kodachromes, um tipo de filme diapositivo que permitia tirar fotos coloridas com as câmeras da marca.

O processo de revelação ainda era complexo demais e menos de 25 laboratórios no mundo inteiro possuíam a tecnologia necessária para isso. A qualidade das imagens e das cores é até hoje admirada, sendo que esse tipo de filme é considerado um dos melhores métodos de captura da história. Em 2009, a Kodak deixou de fabricar os Kodachromes.

Apesar de todas as mudanças, no entanto, o princípio básico da fotografia ainda é o mesmo e possivelmente não será alterado tão cedo: usar a luz — passando por uma lente e sendo absorvida por uma superfície (cromos, papéis, filtros e sensores) — para capturar o que você está vendo ao seu redor.