Se quisermos um futuro repleto de casas conectadas, funcionando a pleno vapor, teremos de adotar as redes mesh. Elas são o ponto crítico que está faltando para impulsionar a indústria nesse sentido, de acordo com o vice-presidente sênior e gerente-geral da unidade de Negócios Conectados da Qualcomm, Rahul Patel. De acordo com o executivo, as tecnologias em malha podem garantir um futuro promissor para a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) no mercado de consumo.
Não sabe do que estamos falando ainda? Uma rápida explicação sobre as redes mesh: também chamadas de “redes em malha”, elas basicamente são o que o nome sugere. A ideia por trás do conceito é permitir que dispositivos atuem de forma descentralizada, sem que seja necessária uma peça-central para conexão.
Exemplo: basicamente, uma rede de infraestrutura comum possui um ponto de acesso central e, se pessoas quiserem trafegar nessa rede específica, elas precisam estar conectadas a esse ponto de acesso. Nas redes mesh, isso não acontece. Passando para um exemplo mais prático, imagine nossos celulares. Se você precisa ligar para um amigo, o seu dispositivo fará contato com uma torre de operadora mais próxima, que vai então estabelecer a conexão — isso é o que acontece na rede padrão que usamos hoje. Mas, se o seu celular e o do seu amigo estivessem em uma rede mesh, eles precisariam apenas estar ligados e fariam a conexão um com o outro diretamente, sem a necessidade de intermediários.
É por conta desse tipo de funcionamento que as redes mesh podem representar uma alavancada no futuro da IoT.
Dispositivos conectados
Só para você ter uma ideia, até o final deste ano, a previsão do Gartner é de que 8,4 bilhões de “coisas” estarão conectadas à internet, em uso. Isso é 31% a mais do que o registrado em 2016. Até 2020, a previsão da GMSA é de que 50 dispositivos IoT ou conectados estarão em uso dentro de cada residência, em média.
Apesar dessa previsão, hoje o que encontramos é uma internet que pode falhar quando é posta para controlar esse tanto de dispositivos conectados simultaneamente, de smartphones a eletrodomésticos.
Fora isso, há o fator fragmentação: ter tantos dispositivos que falam diferentes línguas, como aqueles que são Android, os que se conectam apenas via Bluetooth, dispositivos iOS, traz uma complexidade ao ecossistema que faz com que a redes domésticas possam não funcionar tão bem quanto o esperado.
E esse é um dos principais motivos pelos quais Patel defende o uso de redes mesh. Para ele, apesar de serem um pouco mais caros na parte de implementação, sistemas mesh fariam com que todos os dispositivos tivessem o mesmo nível de conectividade dentro de uma residência. Além disso, eles estariam programados para corrigir problemas automaticamente à medida que aparecem, bem como fornecer um controle centralizado para dados, mídia e IoT.
Para provedores de serviços, as redes apresentam valor na quantidade de dados que elas controlam. Nesse sentido, por exemplo, bairros inteiros poderiam ser mapeados e, dessa forma, problemas com conectividade poderiam ser rapidamente identificados e resolvidos sem que o usuário precisasse reclamar antes. Se hoje isso já é um desafio apenas com o WiFi que temos em casa e o qual conecta poucos dispositivos, como notebooks e celulares, imagina a dificuldade que será em um futuro próximo, quando eletrodomésticos também estarão na mesma rede?
Apesar disso, provedores de internet (ISPs) ainda precisam de mais provas sobre os benefícios desse tipo de tecnologia antes de investirem uma porção de dinheiro nelas. Mas, de acordo com Patel, se eles não investirem, poderão ficar para trás e perderão para fornecedores de serviços em cloud.
‘As operadoras estão carregando o fardo de corrigir problemas nas residências’, afirma Patel. ‘Se não o fizerem, provedores de nuvem como a Google vão assumir o controle’.
E isso seria péssimo para operadoras, que poderiam se tornar obsoletas no futuro.
Patel, por sua vez, aposta tanto na ideia que acredita que novos produtos que utilizam a tecnologia poderão ser vistos no mercado já na segunda metade de 2018. Para ele, redes mesh serão “a próxima grande onda” da indústria.
Fonte: Olhar Digital