Justo quando você pensou que poderia falar com autoridade sobre os padrões USB na próxima festinha, um novo padrão aparece e estraga tudo, de novo. O último padrão USB 3.2 será confirmado em setembro, e aqui está tudo o que ele significa para o seu laptop, celular e aqueles novos cabos USB-C que vieram com o seu novo celular e que você comprou.

Uma história muito breve do USB

Imagem: Gizmodo

USB, ou Universal Serial Bus, é um padrão estabelecido que assegura que, se você comprar coisas com a tecnologia USB, tudo irá funcionar direitinho umas com as outras. Embora tenhamos que conviver com um pequeno inferno de adaptadores hoje em dia, não se compara nem um pouco com o começo dos anos 1990, quando os periféricos para computadores utilizavam todos os tipos de conectores estranhos e maravilhosos, e levava praticamente metade de uma manhã para instalar e configurar qualquer coisa que você comprasse.

As grandes empresas de computação como Compaq, DEC, IBM, Intel, Microsoft, NEC, e Nortel começaram a trabalhar no padrão USB em 1994, com a especificação original do USB 1.0 chegando em janeiro de 1996, com uma velocidade incrível de 1.5 Mbit/s.

O USB 2.0 chegou em abril de 2000, aumentando as velocidades para 480 Mbit/s – algo que não era tão importante para um joystick, mas precioso para um disco rígido externo. Outros upgrades significativos chegaram em novembro de 2008 com o USB 3.0, aumentando as taxas potenciais de transferência de dados novamente, desta vez para 5 Gbps, enquanto mantinha retrocompatibilidade com os aparelhos de USB 2.0. Se você tem o USB 3.1 instalado hoje em alguma máquina, então existe um potencial de até 10 Gbps para transferência de dados, muito embora a maioria dos periféricos disponíveis no mercado não cheguem perto disso. Existe ainda suporte para oferecer 100W de energia, e é por isso que os laptops mais atuais podem ser carregados via USB.

Cabos, plugs e dados

Imagem: USB-IF

Os padrões USB são definidos pelo USB Implementers Forum (USB-IF) e cobrem uma série de tecnologias: não apenas os protocolos para transferir dados, mas também os dados que você pode usar e os conectores nas pontas desses cabos. A porta USB-C que temos ouvido falar tanto nos últimos tempos está ligada, mas tecnicamente separada, dos padrões USB para transferência de dados. A porta também foi desenvolvida pela USB-IF, e foi anunciada praticamente junto com o USB 3.1, mas também funciona com os cabos e dispositivos USB 2.0.

Em outras palavras, só porque o seu cabo tem um conectar USB-C em uma ponta, isso não significa necessariamente que você terá as vantagens do USB 3.1. Obviamente é mais fácil desenvolver conectores e cabos junto com os protocolos de dados mais recentes – O USB-C foi projetado especificamente para tirar vantagens do USB 3.1, em benefícios como conseguir suportar energia o suficiente para carregar laptops – mas na verdade eles são dois padrões separados, ainda que sejam relacionados. Cabos que utilizam aquele conector familiar USB-A ainda podem ter o USB 3.1 (procure por uma cor turquesa no conector para checar isso).

O USB-C tem sido projetado como uma porta e conector do futuro, que funcione em tudo, desde celulares a computadores (e que trabalha em ambos os lados, como um bônus adicional). Não chegamos lá ainda, mas nos próximos anos o USB-C e o USB 3.1 se tornarão o padrão em aparelhos eletrônicos, pelo menos até a próxima especificação surgir…

O padrão USB 3.2

Imagem: USB-IF

O USB 3.2 é (como o próprio nome sugere) o passo seguinte em relação ao USB 3.1, mas ele vai demorar para aparecer por aí – o padrão acabou de ser anunciado pelo USB-IF, e sua principal característica é o suporte para o que é chamado de operação em múltiplas faixas (ou multi-lane), onde duas faixas de 5 Gbps ou 10 Gbps podem funcionar juntas em paralelo ao utilizar um fio extra dentro dos cabos USB. A taxa de transferência máxima, teoricamente, chagaria a 20 Gbps.

Fora o aumento significativo de velocidade, a especificação do USB 3.2 é um upgrade relativamente pequeno, e é por isso que sua nomenclatura muda apenas no último dígito. Ele funcionará com os conectores USB-C e na maioria dos casos você não precisará comprar um novo cabo, se o seu laptop ou celular for compatível com as novidades (mais sobre isso em seguida).

A especificação do USB 3.2 deve ser finalizada em setembro, mas em quanto tempo devemos vê-los nos eletrônicos depende de diversos fatores, incluindo tendências de mercado, programação de fabricação e margens de lucro. Pelo menos ter um pequeno upgrade desta vez significa que as portas USB dos nossos aparelhos não precisarão ser reequipadas para suportar a novidade.

Comprando cabos USB pensando no futuro

Imagem: Gizmodo

A boa notícia para nós, humildes consumidores, é que padrões antigos do USB tendem a ficar por aí por um bom tempo, e novos padrões geralmente são retrocompatíveis – novos cabos funcionarão com computadores e celulares antigos, apenas com um pouco de performance a menos. Para colocar de outra maneira, você não precisa necessariamente comprar um smartphone com USB-C agora, porque o microUSB presente nos celulares ainda deve ser suportado por um bom tempo.

Dito isso, se você quer comprar as coisas de olho no futuro e se assegurar que tudo irá funcionar com a capacidade máxima nos equipamentos lançados nos próximos anos, procure por dispositivos e cabos que vêm com a combinação de USB 3.1 e conector USB-C. Talvez você não consiga atingir velocidades incríveis quando conectá-los a equipamentos mais antigos, mas eles já estarão prontos para a próxima leva de hardware que será lançada.

O salto para o USB 3.2 significa que alguns cabos existentes potencialmente conseguirão dobrar suas taxas de transferência. Se você está utilizando cabos USB 3.0 ou USB 3.1 com conectores USB-C, eles conseguirão enviar o dobro de dados – tanto 2 x 5 Gbps ou 2 x 10 Gbps – graças a tecnologia de múltiplas faixas do novo padrão USB 3.2 em cada ponta dos cabos, mas os cabos em si não precisarão ser substituídos para se ganhar velocidades extras.

 

Fonte: Gizmodo